Alimentação e gravidez
Com a desculpa de que já sabe que vai engordar ou que precisa de «comer por dois», pode sentir-se tentada a comer tudo o que lhe apetece durante a gravidez.
Como tudo o que a mãe come passa para o feto, deve haver o cuidado de consumir um vasto leque de alimentos saudáveis que garantam ao bebé as melhores condições de desenvolvimento. Sempre que possível, prefira alimentos frescos aos processados: quanto menos aditivos a mãe consumir, menos riscos correrá o bebé.
Proteínas. Durante a gravidez, é aconselhável consumir algumas proteínas extras, embora a maior parte das mulheres coma mais que as suficientes. Duas pequenas porções diárias de carne magra, peixe, ovos, leguminosas ou frutos secos são suficientes. Se for vegetariana, compense a ingestão insuficiente de proteínas e de ferro combinando leguminosas com cereais (massa, cuscuz e arroz) e tomando um suplemento de ferro.
Após os três primeiros meses de gravidez, deixa de ser necessário o suplemento de ácido fólico, embora a alimentação deva continuar a ser rica nesta vitamina.
Cálcio. O organismo absorve o cálcio com maior eficácia durante a gravidez, altura em que a dose diária recomendada é de cerca de 700 mg. Para atingir esta meta, bastam 2 porções diárias de leite, queijo ou iogurte - um copo de leite de 2,5 dl contem 297 mg de cálcio. Se prefere não abusar dos lacticínios, opte pelas bebidas e iogurtes derivados da soja.
Vitamina D. A maior parte das reservas de vitamina D do corpo provém da acção da luz solar sobre a pele. Durante a gravidez, as necessidades de vitamina D aumentam um pouco, mas quem todos os dias passa algumas horas ao ar livre não tem qualquer dificuldade em conseguir mais vitamina D. Contudo, se a sua pele é escura, se vive no Norte da Europa ou o seu vestuário cobre todo o corpo por razões religiosas, poderá não absorver quantidade suficiente de luz solar, sobretudo no Inverno. Para compensar, deve comer diariamente alimentos ricos nesta vitamina, como peixe gordo e ovos. Em vez de manteiga, use margarina por ser enriquecida com vitamina D.
Vitamina A. Durante os últimos três meses de gravidez, pode aumentar ligeiramente o consumo desta vitamina, mas com moderação. Coma muita fruta e legumes cor de laranja e vermelhos, como alperces, pimentas e cenouras, ricos em betacaroteno, que o organismo converte em vitamina A à medida que esta vai sendo necessária. Não se esqueça, porém, de que o fígado e seus derivados, como o pâté, devem ser evitados ao longo de toda a gravidez por conterem elevados níveis de vitamina A.
Ferro. O médico verifica o nível de ferro no início da gravidez; se este for satisfatório, não será necessário qualquer suplemento,uma vez que a gravidez facilita a absorção do ferro. Coma alimentos ricos neste mineral, como carne vermelha, carne escura de aves, ovos, leguminosas e frutos secos. Como o chá interfere com a capacidade de absorção do ferro, será melhor que não o beba à refeição.
Vitaminas C e E. As mais recentes pesquisas revelam que níveis elevados de vitaminas C e E podem reduzir o risco de pré-eclampsia. Na gravidez, esta complicação, rara mas grave, causa uma subida considerável na tensão arterial. As melhores fontes de vitamina C são os citrinos, os pimentos, os morangos, os quivis, o ananás e o tomate. Abacate, óleos de girassol e cártamo, sementes de girassol, amêndoas, avelãs, manteiga e margarina são alimentos ricos em vitamina E.
As hormonas que ao longo da gravidez circulam no seu organismo poderão causar-lhe alguns incómodos.
Enjoas matinais. São numerosas as mulheres que durante os três primeiros meses de gravidez sofrem de enjoes e vómitos. Estes incómodos costumam surgir apenas de manhã, embora algumas mulheres sintam náuseas durante o dia todo. Após as 12-16 semanas, estes sintomas tornam-se mais raros, mas também podem prolongar-se por mais tempo.
Sensações estranhas. Durante a gravidez, podem ocorrer modificações do paladar e do olfacto. Um sabonete ou uma tisana, até então inócuos, podem tornar-se enjoativos, levando a que tenha que evitá-los.
Obstipação. As hormonas podem causar «preguiça» dos intestinos, de que resulta prisão de ventre e hemorróidas. Beba pelo menos 8 copos de líquidos por dia e aumente o consumo de fibras comendo mais fruta, legumes e cereais integrais. A fruta seca, sobretudo a ameixa, é um laxante natural. O exercício faz trabalhar os músculos, ajudando a aliviar a obstipação.
Indigestão e azia. À medida que cresce, o bebé começa a fazer pressão sobre o estômago da mãe, podendo provocar azia (refluxo ácido do estômago para o esófago) e indigestão. Para ajudar a evitar estas duas sensações desconfortantes, reduza as gorduras; evite refeições muito copiosas; faça uma alimentação fraccionada, tomando refeições ligeiras e frequentes; jante cedo; soerga os pés da cama, e beba muitos líquidos - água fria, chá de hortelã-pimenta, etc.
Aumento de peso. É importante que se mantenha activa nos primeiros meses de gravidez. Ao fim dos nove meses, o aumento de peso não deve exceder os 12 kg. Quanto melhor for a sua forma física, mais fácil será lidar com os problemas de aumento de peso e com o trabalho de pano.