Os desconfortos da gravidez
De tão frequentes no início da gestação, os enjoos chegam a ser o primeiro sinal da gravidez. Mas a partir da 12ª semana, eles tendem a diminuir e dão lugar a outros incômodos.
O corpo sofre uma série de alterações físicas e hormonais para o feto crescer, só que algumas mudanças podem atrapalhar o cotidiano da mulher.
“Cuidados simples resolvem ou aliviam a maioria das situações”, afirma o ginecologista e obstetra Ricardo Carvalho Cavalli, secretário da comissão de assistência pré-natal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Enjoos
Náuseas, enjoos e vômitos acontecem porque o paladar da mulher muda. “Ela começa a gostar de outros alimentos e passa a rejeitar alguns que normalmente comia”, observa o ginecologista e obstetra Edilson da Costa Ogeda, consultor da CordCell e diretor da maternidade do Hospital Samaritano.
A primeira medida é fracionar a alimentação. Torne as refeições pequenas e constantes, evite gordura e coma biscoitos de água e sal antes de escovar os dentes pela manhã, eles são bons para quebrar o jejum sem muito impacto.
Se nada disso funcionar, os médicos partem para o tratamento medicamentoso. “É preciso cuidado nesta hora porque a mulher está grávida e nem todo medicamento deve ser usado. O médico é quem deve escolher”, afirma Ogeda.
Existem também muitas receitas caseiras que, embora não tenham eficácia científica, podem ajudar a mulher na adequação de seu novo paladar. “Isso tudo geralmente acaba após 12 semanas de gravidez”, comenta. Mas não é incomum algumas mulheres terem enjoos durante toda a gestação.
Cansaço e inchaço
O retorno venoso é prejudicado em algumas gestantes por questões hormonais e pelo crescimento do útero. O sangue perde agilidade para voltar das extremidades do corpo e isso causa sensação de cansaço e sonolência.
O incômodo pode surgir no início da gestação e persistir até o parto, podendo ainda ter a intensidade aumentada pelo crescimento do útero. O retorno venoso deficiente pode ainda provocar inchaço nas pernas e varizes, uma vez que o sangue pressiona as veias nos membros inferiores.
Uma solução é usar meias elásticas. “Elas podem ser vestidas logo que a mulher acordar, antes dela levantar”, orienta Ogeda. Se ela levantar para ir ao banheiro ou para beber água, é preciso deitar novamente e levantar as pernas no ângulo de 45 graus antes de colocar as meias. “Senão o efeito delas é prejudicado”, adverte o médico.
As meias também ajudam no combate às varizes, mas é preciso também evitar o ganho de peso rápido ou exagerado. Se a mulher seguir o pré-natal corretamente e não exagerar na alimentação, ela deve ganhar cerca de sete a dez quilos. “Não dá para uma gestante engordar 20 quilos, isso é ruim para a saúde dela”, alerta.
O médico diz ainda que os inchaços requerem observação atenta durante o pré-natal, pois eles podem indicar que a mulher está desenvolvendo hipertensão. O aumento na pressão arterial é um dos principais fatores para pré-eclampsia, que pode causar parto prematuro, a morte do bebê e da mãe.
Dor nas costas
O ganho de peso e o volume na região abdominal fazem a mulher mudar sua maneira de andar. “Os ombros ficam mais para trás, o centro de gravidade é alterado”, aponta Ogeda. Isso pode acentuar desvios na coluna e causar lordose. A lombalgia e hérnia de disco atingem 90% das grávidas.
“A mulher deve se tratar com uma fisioterapeuta especializada em gestantes e também pode melhorar com massagem feita por profissionais habilitados”, afirma o ginecologista. Medidas simples como se abaixar corretamente e sentar combatem a dor nas costas.
Constipação
Todo o trânsito gastrointestinal torna-se mais lento conforme a pressão do útero aumenta sobre a região abdominal, e isso causa constipação. “Há risco da mulher ter problemas de hemorróidas”, afirma Cavalli. Ele recomenda mudanças nos hábitos alimentares, incluindo a ingestão maior de fibras como forma de prevenção. Uma boa fonte são as frutas cítricas.
A pressão do útero expandido também pode afetar os pulmões e deixar a respiração mais curta, favorecendo o cansaço da gestante. As alterações no processo de digestão ainda podem causar azia e refluxo, corrigidos com novas alterações na alimentação e uso de medicamentos.
Pele
A gestante ainda sofre alterações hormonais que tornam sua pele mais sensível ao surgimento de manchas. “Há aumento da progesterona”, explica o ginecologista. A pele fica mais sensível ao sol e, por isso, é preciso dar mais atenção ao uso de protetor solar e proteção física, como chapéu e roupas.
As manchas, explica Cavalli, não somem após a gestação e seu tratamento pode precisar de peeling. “O melhor é tomar cuidado com o sol”, recomenda. A mulher precisa ainda fazer uma boa hidratação e usar cremes para manter a pele mais protegida. “Isso é bom contra estrias”, conta o médico.
Não são poucos ou pequenos os inconvenientes que podem acompanhar a gravidez, mas os especialistas ressaltam que isso deve ser encarado como consequência de uma fase de muitas alterações e, a maioria, passageira. Todos os incômodos da gestação podem ser facilmente aliviados ou até eliminados com bom acompanhamento pré-natal.
fonte:http://www.correiodoestado.com.br/n